18/01/2013

Capas Históricas III



O mercado de Inverno tem destas coisas. Comboios de nomes são veiculados na imprensa como entradas/saídas certas para/de os grandes do futebol português. Quando se trata do Benfica, já o sabemos, é a silly season extrapolada a um extremo quase insuportável, com os nomes mencionados pelos jornais do costume a abrangerem desde grandes craques ou promessas de nível mundial totalmente inacessíveis (infelizmente) para os cofres do clube, a jogadores sem qualidade suficiente para jogar num qualquer clube de meio da tabela da Liga Zon-Sagres. Ora durante vários anos, não era raro que jogadores do calibre deste segundo grupo (chamemo-lhes simplesmente de coxos) acabassem mesmo por assinar pelo Glorioso, só para que poucos meses depois fossem devolvidos ao emissor, escorraçados pela porta dos fundos.

No Inverno de 2004/2005, o coxo contemplado com um bilhete de ida e volta de Maiorca para Lisboa foi o montenegrino (à data ainda jugoslavo) Andrija Delibasic. O jovem avançado oriundo dos bálcãs gozava ainda de alguma reputação dos seus tempos ao serviço do Partizan, pois ao serviço do Maiorca pouco mais foi que uma nulidade, o que motivou o seu empréstimo ao Glorioso. No Benfica de Trapattoni, Delibasic tem a concorrência de Nuno Gomes, Karadas (o filho norueguês de Trap), Sokota e Mantorras, os dois últimos passando grande parte do tempo a cargo do departamento clínico. Apesar do extraordinário poker no seu primeiro treino, conforme indica a capa que dá o mote a este texto, um treino onde certamente a Velha Raposa abdicou da utilização de guarda-redes, a passagem do montenegrino pela Luz cifrou-se nuns meros 3 jogos, sem direito a golos. Mas com direito a título de Campeão Nacional, o único da sua carreira.

No fim da sofrida temporada que culmina na conquista da Liga, a saída de mais este flop não é mais que uma inevitabilidade. Quis o destino que o Maiorca o emprestasse, de novo, na época seguinte a um clube português, com o (in)feliz contemplado a ser o Braga. Não satisfeito, após novo falhanço em Terras Lusitanas, completa a segunda metade da temporada 2006/2007 ao serviço do Beira-Mar, cumprindo um desígnio assumido por tantos erros de casting que passaram sem sucesso nas fileiras do Benfica, marcar um golo ao Glorioso...

Delibasic é só um pretexto, um exemplo de como o mercado de Inverno pode ser traiçoeiro. Numa época em que muito se tem falado do desequilíbrio do nosso plantel em algumas posições fulcrais, é importante olhar para o mercado como uma janela de oportunidade, mas manter presente o quão mau conselheiro ele pode ser. Antes não comprar do que comprar à pressa e sem critério, só para mais tarde vender ao desbarato.

2 comentários:

Gonçalo disse...

Do Delibasic só me lembro de um jogo, em Penafiel. O Benfica estava a perder e o Trap meteu este tipo para reforçar o ataque... Uma miséria autêntica.

Manú disse...

Uma autêntica nulidade sem dúvida. Também me lembro desse jogo em Penafiel que empatámos, o que nos poderia fazer perder o título.

Só espero que neste mercado de inverno não haja dissabores...Por mim apenas deixava sair o Nolito.